quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


Faço as malas.
Peço a Deus e digo adeus.

É um exercício diário me despedir. Despir-me de tudo, me despedir do mundo. Despeço-me e me despedaço. Parto e me reparto. Não ouse pensar que é fácil escolher o volúvel. Mas é ainda menos fácil viver de nada. Por isso, cansei de estar, de ser. Cansei do estático. Prefiro voar. Nada de pés nem de chão, nada de pés no chão.

Faço as malas.
Peço a Deus e digo adeus.

Porque não há bagagem. Desfiz-me e me desfiz de tudo. Já não há rastro ou vestígio, deixo pra trás somente ruína. E, além disso, é confortante dizer adeus a tudo, quando o tudo é nada. Nada me sufoca. Rogo por espaço. O infinito já se encheu de vácuo.

Faço as malas.
Peço a Deus e digo adeus.
Porque se só Deus me ajuda a seguir, só, me ajudo a ruir.
Mariana Martins

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