quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


Faço as malas.
Peço a Deus e digo adeus.

É um exercício diário me despedir. Despir-me de tudo, me despedir do mundo. Despeço-me e me despedaço. Parto e me reparto. Não ouse pensar que é fácil escolher o volúvel. Mas é ainda menos fácil viver de nada. Por isso, cansei de estar, de ser. Cansei do estático. Prefiro voar. Nada de pés nem de chão, nada de pés no chão.

Faço as malas.
Peço a Deus e digo adeus.

Porque não há bagagem. Desfiz-me e me desfiz de tudo. Já não há rastro ou vestígio, deixo pra trás somente ruína. E, além disso, é confortante dizer adeus a tudo, quando o tudo é nada. Nada me sufoca. Rogo por espaço. O infinito já se encheu de vácuo.

Faço as malas.
Peço a Deus e digo adeus.
Porque se só Deus me ajuda a seguir, só, me ajudo a ruir.
Mariana Martins

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O ar pesa nos pulmões
A inspiração se torna difícil
Tudo mera impressão
Da mente, um artifício

Se o chão desmancha
O céu cai sobre os ombros
O corpo desaba
Restam escombros

O branco se torna negro
E a luz se esvai
A escuridão se liberta, pelo mundo sai

Entre morbidez e alegria
Fujo do real
Escondo-me na fantasia

Mariana Martins

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


Travesseiro: não apenas o objeto macio onde repousam as cabeças, mas o responsável pela travessia. E não se trata da simples travessia de um lugar a outro. A função do travesseiro é nos conduzir à fronteira entre real e utópico, entre o que é concreto e o que é inimaginável.

Travessia
fRonteira
Acordar
atraVés
liberdadE
Sonhar
inSano
rEal
devaneIo
loucuRa
O

Se o travesseiro é o atravessador, então, durma para acordar. Desperte o seu lado que não é morno. Se permita atravessar... Sonhar, ir além do idealizar coisas irrealizáveis. Não, não durma para sonhar. Experimente sonhar para acordar. A travessia alimenta a loucura. Sim, DELIRE!