quinta-feira, 16 de setembro de 2010

E quando o sonho é realidade?
Pior. Quando o mau sonho é real.

Se gritar que não sou esse monstro, que não sou essa pessoa ruim adiantasse, já não teria voz. Aliás, gostaria de não ter voz, não ter forma, de sequer existir. Quanto mais penso, menos aceito. Não, não me perdoo. Não tem perdão. Como pude ser tão tola? Me odeio tanto assim??

E sou covarde. Choro em silêncio, desvio o olhar. Fujo do mundo. Pra que? A besteira foi feita, o álcool foi ingerido, a memória foi apagada, o coma não foi um pesadelo... Foi tudo real.
Tudo realmente horrível.

Um dia, e todos os princípios no lixo. Eu não amo a bebedeira, não sou promíscua, nem beijo por beijar. Eu não me orgulho de coma alcoólico, de não lembrar de nada, de ser carregada semimorta,... Sempre defendi a sobriedade, busquei a castidade, vivi com retidão. Por que isso? Por quê, meu Deus??

Definitivamente, não sou aquele corpo desacordado, jogado num corredor, sujo de vômito, descalço e digno de pena. Não sou.

Eu sou a culpa, o remorso, as noites mal dormidas, o choro na hora de dormir, os joelhos dobrados clamando perdão.

Meus 19 anos nunca pesaram tanto... Não estou só. Agora, seremos sempre dois.
Eu e o arrependimento.


domingo, 22 de agosto de 2010

Apaixonada!
Dessa vez, por mim.

domingo, 16 de maio de 2010


A felicidade é amarela. Não. A felicidade é aquarela. Ela se esconde na fantasia, na democracia, na monotonia. Ela se faz presente e é presente. Dias vazios, sóis cor de rosa, nuvens de tule, dedos gelados, calor humano.

A felicidade está em francesinhas liláses, folhas caindo e pôr do sol. É delírio consciente. Pão quente, passarinho, céu redemoinho, rastro de avião, paredes sem tinta, música tocando. Talvez, chão varrido, cara molhada, corpo estendido. É sorte.

Felicidade é contemplação, é banho de lama, é engarrafamento. É tombo na escada, reprovação, desentendimento. Quem sabe, pergunta sem resposta, silêncio da voz. Felicidade é nada, é tudo.

Felicidade? Sou eu.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dois em um

E éramos dois. Ele e eu. Nos completávamos, fazíamos planos, sonhávamos e partilhávamos momentos. Ele era parte de mim e eu, dele. Um típico casal perfeito, em plena sintonia. Éramos bem felizes, nos dávamos tão bem. Ele me ouvia. Sempre atentamente, me ouvia...
Justamente. Ali, estava o problema. Era só ouvidos. Ele me ouvia, mas nada dizia. E, eu - tola, acreditei por muito tempo que o silêncio era consentimento, compreensão. Oh, ilusão! Era só ouvidos. Era só, ouvidos. E era só.
Tanta coisa pensei ter compartilhado... Quantos dias juntos! Mas era hora de substituir o velho companheiro. Agora, nada de somente ouvidos. Queria boca, olhos, pernas e braços... Pele e cheiro. Queria voz! Presença. Simplesmente isso. Estava cansada de companhias desacompanhantes...
E foi assim que rompi com ele. Disse adeus ao meu eterno companheiro... O Vazio.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Citando Shakespeare...



"We will all laugh at gilded butterflies"

Chove lá fora
e aqui, dentro de mim
Chuva que não vai embora,
Sol que se nega a surgir
Uma tempestade de ideias, de sentimentos, que se recusa a cessar. Confusão. Mais que gotas, caem interrogações. Não só o frio me envolve, mas as dúvidas. O que quero? O que sinto? Do que me escondo? De quem eu fujo? Afinal, quem sou eu?
Amparada por nuvens que me protegem de mim, insisto na penumbra, afugento a luz. Me encontro no desencontro, enquanto a saída é não sair.
De algum lugar, vem uma voz que me acalma, que me devolve a paz:
Deixa chover,
deixa que a chuva leva o que precisa ir
Espera, se aquieta,
que o sol ainda vai sorrir para ti.

sábado, 6 de fevereiro de 2010



Estranho e habitado vazio
Profundo e agitado silêncio
Gritos mudos
Sombras e vultos

Tantas vozes
Nenhum som
Como acordes
Vãos

Lágrimas secas
Sem aparente motivo
Sofrimento tolo
Fuga, desvio

Multidão desabitada
Liberdade encarcerada
Solidão companheira
Felicidade ligeira

Sorrisos borrados
Sol desbotado
Dias sem cor
Emoldurada dor