domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dois em um

E éramos dois. Ele e eu. Nos completávamos, fazíamos planos, sonhávamos e partilhávamos momentos. Ele era parte de mim e eu, dele. Um típico casal perfeito, em plena sintonia. Éramos bem felizes, nos dávamos tão bem. Ele me ouvia. Sempre atentamente, me ouvia...
Justamente. Ali, estava o problema. Era só ouvidos. Ele me ouvia, mas nada dizia. E, eu - tola, acreditei por muito tempo que o silêncio era consentimento, compreensão. Oh, ilusão! Era só ouvidos. Era só, ouvidos. E era só.
Tanta coisa pensei ter compartilhado... Quantos dias juntos! Mas era hora de substituir o velho companheiro. Agora, nada de somente ouvidos. Queria boca, olhos, pernas e braços... Pele e cheiro. Queria voz! Presença. Simplesmente isso. Estava cansada de companhias desacompanhantes...
E foi assim que rompi com ele. Disse adeus ao meu eterno companheiro... O Vazio.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Citando Shakespeare...



"We will all laugh at gilded butterflies"

Chove lá fora
e aqui, dentro de mim
Chuva que não vai embora,
Sol que se nega a surgir
Uma tempestade de ideias, de sentimentos, que se recusa a cessar. Confusão. Mais que gotas, caem interrogações. Não só o frio me envolve, mas as dúvidas. O que quero? O que sinto? Do que me escondo? De quem eu fujo? Afinal, quem sou eu?
Amparada por nuvens que me protegem de mim, insisto na penumbra, afugento a luz. Me encontro no desencontro, enquanto a saída é não sair.
De algum lugar, vem uma voz que me acalma, que me devolve a paz:
Deixa chover,
deixa que a chuva leva o que precisa ir
Espera, se aquieta,
que o sol ainda vai sorrir para ti.

sábado, 6 de fevereiro de 2010



Estranho e habitado vazio
Profundo e agitado silêncio
Gritos mudos
Sombras e vultos

Tantas vozes
Nenhum som
Como acordes
Vãos

Lágrimas secas
Sem aparente motivo
Sofrimento tolo
Fuga, desvio

Multidão desabitada
Liberdade encarcerada
Solidão companheira
Felicidade ligeira

Sorrisos borrados
Sol desbotado
Dias sem cor
Emoldurada dor