terça-feira, 1 de maio de 2012

Rito da chuva

Será exagero pedir um abraço quente quando o frio interior é mais intenso que aquele que insiste em levantar as cortinas e embaçar as janelas? Ou será pecado torcer pelo entrelace de pernas e encontro de pés em uma noite chuvosa? Peço uma xícara de café e biscoitos de aveia e canela. Mas não vêm acompanhados de um papo. Nessas horas, quero encontrar um par de olhos que falem sobre a vida - passado, planos. E também uma moldura de dentes que me façam perder o juízo. Quando as gotas geladas batem no meu rosto, rezo para que, milagrosamente, elas se transformem em beijos (com sorte, apaixonados). O travesseiro, velho amigo, me consola junto do edredom enquanto a noite não chega ao fim. E, ao chegar da manhã, nada de massagem na nuca ou cafuné... É o alarme que me desperta para um novo e vazio dia de solidão.